SCAPE 2011

27/03/2012 00:00

 

 

EDUCOAGRO: Trabalhando a Educação Ambiental e a Agroecologia nas escolas da zona rural do município de Jupi-PE

 

Lauana Souza Muniz1, Cássia Roberta de Melo Leite1, Horasa Maria Lima da Silva Andrade2, Luciano Pires de Andrade2, Alana Emilia Soares de França Queiroz3

 

1Graduandas de Agronomia da UAG-UFRPE, 2Prof Assistente da UAG-UFRPE, 3Zootecinista formada pela UAG-UFRPE.

Lauanasm@hotmail.com

 

RESUMO

 

O projeto EDUACOAGRO I (Educação Cooperativa e Agroecológica) teve como proposta trabalhar a temática agroecologia nas escolas da zona rural do município de Jupi-PE com alunos, professores e agricultores de forma que os mesmos venham a aprender, discutir e se inserir dentro do contexto da agroecologia.

Com a carta elaborada no I Fórum de Agroecologia e Educação no campo realizado pelo EDUCOAGRO I surge para dar fomento a proposta já iniciada, o projeto EDUCOAGRO II (Educação Agroecológica: perspectiva de reconversão de práticas convencionais para práticas agroecológicas com agricultores familiares e escolas rurais no Município de Jupi, Pernambuco, Brasil) que deu continuidade ao mesmo trabalho porém  dando maior  ênfase na orientação aos agricultores a passarem de uma produção agrícola convencional para uma de base agroecológica, mas não deixando de se preocupar com a conscientização ambiental na educação.

 Por esta razão foi desenvolvido em comemoração a semana do meio ambiente por meio de oficinas voltadas para esse tema nas escolas da zona rural nas comunidades do Sítio Catonho e Sítio Colônia no município de Jupi-PE, com alunos, professores e estendendo-se aos agricultores da comunidade.

 

PALAVRAS-CHAVE: agroecologia, educação do campo, interdisciplinaridade, meio ambiente, sensibilização ambiental. 

 

INTRODUÇÃO

 

Os sistemas de ensino recorrem em suas práticas a abordagens de ensino que podem reportar as visões mais tradicionais e centralizadas ou visões da atualidade que são fundamentadas em práticas participativas e em princípios democráticos, na qual os sujeitos envolvidos têm papel ativo nos processos dos quais participam. Desta forma a educação é um processo reflexivo e dialógico (Freire, 1992, 1996; Perrenoud, 1998, 1999).

A perspectiva socioambiental nos processos educativos inclui práticas mais participativas e integralizadoras (Andrade, 2002; Reigota, 1994). Assim já há experiências voltadas para uma educação que coloca em sua prática os princípios da agroecologia (Figueiredo e Lima, 2006).

Dentro desse contexto sentiu-se a necessidade de desenvolver uma proposta de trabalho sócio educativa nas escolas que pudesse inserir discussões sobre preservação ambiental e Agroecologia junto a realidade rural do município. Integrando essas temáticas como ferramenta de aprendizagem nas oficinas realizadas dentro desse trabalho com crianças da zona rural do município de Jupi-PE.

Assim, partindo do ponto em que é preciso conhecer o ambiente em que se vive para então aprender formas de preservação dos recursos que esse ambiente nos oferece   acolhendo novas alternativas e as colocando em prática.

Portanto o objetivo deste trabalho é promover dentro da educação no campo uma sensibilização ambiental nas crianças de maneira que possibilite que elas venham a  formar seu próprio conhecimento e assim transmitir o que irão aprender às suas famílias, colocando em prática experiências adquiridas com as oficinas oferecidas nesse trabalho. 

 

 

MATERIAIS E MÉTODOS

 

Este trabalho foi realizado no município de Jupi-PE, agreste meridional de Pernambuco, dentro do projeto EDUCOAGRO II, financiado pelo CNPq e com o apoio da Universidade Federal Rural de Pernambuco- UFRPE/UAG, apoiado pela  prefeitura municipal de Jupi-PE, em duas escolas da zona rural, com alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental.

O respectivo trabalho foi realizado tomando como base a etnociência e a pesquisa-ação (Thiollent, 2005).

Essa atividade foi iniciada através da influência deixada pelo projeto EDUCOAGRO I nas escolas da zona rural de Jupi, trabalho iniciado com a realização de levantamento das escolas nas áreas rurais com educadores e parcerias com agricultores, acerca do que se trabalha nas escolas em relação à Agroecologia e Agricultura Familiar. Depois houve a realização do I Fórum de Educação no Campo e Agroecologia dando um caráter positivo para encaminhamentos da carta de intenção que tive o objetivo de gerar um processo de sensibilização e mobilização em torno da Educação no Campo e da valorização e resgate da importância do agricultor familiar integrando alunos e educadores, agricultores familiares e sindicato dos trabalhadores rurais, os gestores municipais e instituições como IPA, UFRPE E ProRural.

Foi a partir deste fórum e da carta de intenções que surgiu o Projeto EDUCAGRO II, sendo alicerçado por três grandes eixos: o educativo, o produtivo e as políticas públicas. Por isso o projeto EDUCOAGRO II com a finalidade de não perder o sentido do que é trabalhar a agroecologia na educação do campo, idealizou o dia da comemoração da semana do meio ambiente em duas escolas da zona rural.

Primeiro foi realizada uma palestra com todos os alunos da escola com temática: Como cuidar do meio ambiente, palestra que ressaltou a importância da preservação de recursos naturais, a importância de usar matérias para reaproveitamento através da reciclagem e a importância do não poluir rios e solo.

Logo após foram realizadas em cada série uma oficina com temática específica. Com os alunos das 5ª séries foram realizadas oficinas sobre como cultivar uma horta, oficinas de reciclagem e oficina de compostagem. Com as 6ª séries foram realizadas oficinas de conservação de solo e água. Com alunos das 7ª e 8ª séries foram aplicados questionários com a finalidade de sondar os conhecimentos desses alunos sobre as questões discutidas na palestra.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

A Agroecologia tem como um dos princípios a interdisciplinaridade, com isso esse trabalho realizado nas escolas deu maior suporte aos conteúdos sobre a preservação do meio ambiente, conservação de solo e água que estavam sendo trabalhados pelos professores nas disciplinas de geografia e ciências.

Potencializou a troca de experiências entre agricultores da comunidade e educandos, de forma que os educandos tiveram a oportunidade de saber a realidade de cada agricultor nas suas formas de cultivo e quais são as práticas usadas por eles para conservar os recursos naturais em sua propriedade.

O trabalho também propiciou aos alunos vivenciarem algumas práticas ecológicas que ajudaram a formar o pensamento sobre o papel da Agroecologia na conservação dos recursos naturais, bem como despertar a consciência da importância de ter esses recursos como sustentáculo para continuar a prática da agricultura.

Possibilitou esse aluno ser um capacitador dentro da família levando os conhecimentos obtidos em cada oficina para a agricultura dentro do contexto familiar, como as técnicas de compostagem, o plantio de canteiros de hortaliças, a importância do não uso de agrotóxicos, fazendo com que esses químicos não contaminem o solo, a importância de não poluir afluentes de rios, de não desperdiçar água potável e de reaproveitar materiais poluentes fazendo reciclagem.

Proporcionou uma maior interação entre os alunos, professores e a comunidade, promovendo uma discussão e reflexão sobre a maneira convencional de praticar a agricultura, usando recursos que degradam o solo, contaminam a água e os alimentos que são produzidos usando esse modelo de agricultura.

 

 

CONCLUSÕES

 

Esse trabalho se fez relevante nas escolas da zona rural do município de Jupi-PE, pois trouxe a tona uma reflexão importante sobre a conservação do meio ambiente e possibilitou uma maior percepção por parte dos alunos sobre agroecologia, interagindo com seus colegas, professores e agricultores da comunidade.

Além de ter sido de suma importância na troca de conhecimento entre os educandos com suas famílias, sobre os conhecimentos adquiridos durante esse trabalho e assim possibilitando mudanças nas práticas utilizadas pelos agricultores familiares em busca de um desenvolvimento mais sustentável.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ANDRADE, H. M. L. S. Entre a concepção e a ação: o papel do professor e da professora no despertar da consciência ambiental. 2002. 38 f. Monografia (Especialização em Planejamento e Gestão)- Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

 

FIGUEIREDO, M. A. B; LIMA, J. R.T. Agroecologia: conceitos e experiências.Recife, Bagaço, 2006.

 

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 148 p.

___________ Comunicação ou extensão. RJ: Paz e Terra. 10ª Edição, 1992.

 

 

PERRENOUD, Ph. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre: Artmed Editora ,2e ed. 1998.

______________. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 1999.

 

REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental? São Paulo: Brasiliense, 1994.

 

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 14.ed. São Paulo: Cortez, 2005a.


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