A AGROECOLOGIA COMO FERRAMENTA PARA ALCANCE DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL – PERSPECTIVAS DO PROJETO AGROFAMILIAR
Alana Emilia Soares de França Queiroz¹, Priscila Carolina Bastos Basílio dos Santos², Adgeane Araújo do Nascimento², Márcio Felipe Pinheiro Neri Nunes², Maria da Conceição Cavalcanti Góes², Lauana Souza Muniz², Horasa Maria Lima da Silva Andrade³
¹ Zootecnista, Unidade Acadêmica de Garanhuns, UFRPE, Brasil.
E-mail para contato: alanasoares@zootecnista.com.br
² Graduandos em Agronomia, Unidade Acadêmica de Garanhuns, UFRPE, Brasil.
³ Professora Assistente, Unidade Acadêmica de Garanhuns, UFRPE, Brasil.
INTRODUÇÃO
Atualmente e em diferentes países, o debate acerca da sustentabilidade ambiental é frequente e notório e remete-se principalmente como objeto de preocupação as ações do homem sobre o meio ambiente, que interfem negativamente — na biodiversidade, nos solos e corpos hídricos, por exemplo — através de formatos de agriculturas e pecuárias não-conservacionistas e, dessa forma, não-sustentáveis sob a perspectiva ambiental. É nesta abordagem que se insere a necessidade da utilização de alternativas de produção sustentáveis, capazes de considerar a máxima do meio ambiente, afastando-o de uma agricultura que intensivamente utiliza-se de maneira errônea os recursos naturais não-renováveis, de forma agressiva, que é excludente do ponto de vista social e causadora de depedência econômica (CAPORAL; COSTABEBER, 2002). Neste cenário é que a utilização dos princípios da Agroecologia se enquadram, satisfazendo as exigências supracitadas e corroborando com a preservação do meio.
A Agroecologia é uma ciência que utiliza princípios da Ecologia para estudar, manejar e avaliar sistemas de agricultura produtivos, mas também que optam pelo uso racional e pela conservação dos recursos naturais. Gliessman (2001) ainda a define como “uma aplicação dos conceitos e princípios da Ecologia no desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis” e Altieri (2004) diz que a Agroecologia “trata-se de uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo”.
É uma ciência recente e evidências mostram que sistemas de agricultura sustentáveis baseados na Agroecologia são economico, ambiental e socialmente viáveis e contribuem positivamente para o desenvolvimento local sustentável, contudo o pensamento agroecológico não é largamente divulgado, dificultando sua implementação.
OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo divulgar a importância que a Agroecologia apresenta na sustentabilidade ambiental e a atuação do projeto intitulado “AGROFAMILIAR – Rodas de Debate e Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Agricultura Familiar e Camponesa” (AGROFAMILIAR) na perspectiva ambiental, inerente ao pensamento agroecológico.
METODOLOGIA
O projeto terá ação na região do Agreste Meridional de Pernambuco, composto por 26 munícipios, e contemplará desde a divulgação da Agroecologia no meio acadêmico até o apoio à iniciativas de implementação de propriedades agroecológicas dos agricultores dos munícipios pertencentes à região supracitada. A metodologia do projeto toma como base a etnociência e a pesquisa-ação (THIOLLENT, 2005).
Em relação à disseminação da temática agroecológica, a formação de um Grupo de Estudo em Agroecologia foi realizada, com a finalidade de promover debates e reflexões sobre o tema central, apoiando a construção do saber agroecológico. Fazem parte ainda da divulgação e sensibilização da importância da Agroecologia a participação dos integrantes do projeto nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CMDRs) e em reuniões de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) nos municípios de abrangência de atuação do projeto, discorrendo acerca da Agroecologia. Além, a participação e promoção de eventos de grande (II Encontro de Agroecologia do Agreste Meridional de Pernambuco) e de pequeno porte (palestras, oficinas temáticas, entre outros) pelos pártices do projeto, com público-alvo de agricultores, estudantes e profissionais da área e de áreas relacionadas, estão inseridas como atribuições do projeto.
Em uma etapa paralela, acontecerá o apoio aos projetos e experiências em Agroecologia da região, envolvendo o uso de estratégias do Diagnóstico Rural Participativo (DRRP) (VERDEJO, 2006) e metodologias participativas. Neste momento, entra a realização de oficinas temáticas, realização de encontros com os agricultores para o debate da Agroecologia, dentre outros métodos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com duração total de dois anos e meio e atuação de apenas cinco meses atualmente, o projeto AGROFAMILIAR ainda tem muito a realizar. O Grupo de Estudo em Agroecologia foi consolidado e com encontros semanais, através da leitura e posterior estudo de artigos científicos escolhidos pelo tema que será tratado e através de exibições de vídeos e relatos de experiências que abordem a Agroecologia, está conseguindo aderir às suas reuniões considerável número de participantes, das mais diversas áreas de conhecimento.
O processo de divulgação nos CMDRs está sendo realizado, com participação já efetivada em seis municípios e demonstra resultados: muitos agricultores após divulgação da Agroecologia, buscam mais conhecimento acerca da Agroecologia e interessam-se pela reconversão de práticas convencionais para práticas agroecológicas e conservacionistas.
CONCLUSÕES
A Agroecologia apresenta a questão ambiental como uma de suas diretrizes, ao pregar a conservação e regeneração dos recursos naturais. O projeto AGROFAMILIAR apresenta-se como meio de disseminação da Agroecologia e, consequentemente, da sustentabilidade ambiental, tão amplamente discutida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 5ª ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, 23 p.;
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: enfoque científico e estratégico. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 3, n.2, p. 13-16, 2002;
GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001, 653 p.;
THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. 14ª edição. São Paulo: Cortez Editora, 2005;
VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo. Brasília: MDA/Secretaria da Agricultura Familiar, 2006, p. 65.